É
indiscutível que a conectividade presente a qualquer hora e em qualquer lugar
trouxe muitas inovações que abriram novas oportunidades de negócios, melhoria
da qualidade de vida, mais informação e entretenimento para nós, seres humanos.
Mas,
e as máquinas? No início, máquinas geravam dados simples, como alarmes sobre
aquecimento. Já com o advento da lógica digital e CPUs, esses equipamentos
evoluíram e se tornaram mais inteligentes e mais autônomos, mas sempre isoladas
no seu domínio de controle local.
Com
o advento da conectividade (Wi-Fi, celular, Bluetooth, etc), as máquinas podem
transmitir seus dados e informações de operação para outras máquinas, que por
sua vez podem ser outros equipamentos que trabalham em conjunto com esta
máquina, ou computadores que analisam os dados e tomam decisões de controle, as
vezes auxiliadas por interação do ser humano.
Essa
primeira etapa foi batizada de comunicação M2M (Machine to Machine), que tomou
forma no início do novo século e iniciou uma nova categoria no setor de
tecnologia, onde estabeleceram-se padrões e protocolos para garantir a
compatibilidade, desenvolvimento e evolução dos sistemas.
Com
a evolução dos sensores e barateamento das interfaces analógicas e digitais,
além de facilidades de baixo custo para conectividade, qualquer “coisa” que
gera ou consome dados se torna viável para transmitir ou receber os mesmos, e,
portanto, o termo M2M evoluiu para IoT – ou seja, a Internet das Coisas. Apesar
do termo “IoT” ter sido utilizado pela primeira vez em 1999, o universo prático
desta tecnologia só tomou forma nos últimos cinco anos.
Para
o público em geral, a IoT parece algo distante e que não deve trazer alterações
no dia a dia e em sua rotina, já que a impressão que temos é que IoT é algo
relacionado a operação das máquinas. Ou seja, que tem pouca relação com o
comportamento e os desejos do ser humano. Mas isso é um ledo engano.
Um
dos temas principais no IoT World Forum, realizado de 6 a 8 de dezembro em
Dubai (Emirados Árabes Unidos), é o de visualizar o objetivo maior de IoT. E a
conclusão foi que a IoT vai trazer mais felicidade ao ser humano, por meio da
melhoria na qualidade de vida proporcionada por sistemas inteligentes. Como,
por exemplo, menos congestionamentos e menos poluição, maior oferta de água
potável em países mais necessitados, o aumento do rendimento das plantações de
alimentos, diminuição das taxas de defeitos nos aparelhos que nos ajudam no dia
a dia, mais segurança nas grandes cidades, maior eficiência e pontualidade nos
veículos de transporte de massa, entre muitos outros.
Adicionalmente,
a IoT vai gerar gigantescos conjuntos de dados e análises dos mesmos que tem
tremendo valor comercial. Por isso, novos modelos de negócio vão surgir. Mas,
em que estágio estamos com a IoT? Aqui no IoT World Forum, um dos pontos focais
foi analisar os incentivos do mercado para implementação de sistemas de IoT e
as estratégias de como chegar lá com sucesso.
Alguns
dados sobre a Internet das Coisas podem exemplificar isso (números do próprio
evento):
-
58% das empresas do mercado dizem que IoT é estratégico para seu futuro;
- Atualmente o crescimento de sistemas de IoT tem dobrado ano a ano;
- 54% das empresas concordam que a maior oportunidade está em B2B e B2B2C;
- O número de conexões IoT nas fabricas cresce 204% no comparativo ano a no.
- Atualmente o crescimento de sistemas de IoT tem dobrado ano a ano;
- 54% das empresas concordam que a maior oportunidade está em B2B e B2B2C;
- O número de conexões IoT nas fabricas cresce 204% no comparativo ano a no.
Já o
crescimento de 2013 para 2015 apresenta os seguintes números (estimados para
esse ano):
-
Sensores colocados no mercado: 10 bilhões em 2013 e 55 bilhões em 2015;
-
Conexões de IoT: 11 bilhões em 2013 e 18 bilhões em 2015;
-
Conexões M2M: 43 bilhões em 2013 e 73 bilhões em 2015;
-
Empresas participantes em consórcios e associações da IoT: 44 em 2013 e 354 em
2015.
Investimentos:
-
Desenvolvedores focados em IoT: 291 mil em 2013, 813 mil em 2015;
-
Startups em IoT: 127 em 2013 e 1502 em 2015;
-
Investimentos de VC: US$1,1 bilhão em 2013 e US$2 bilhões em 2015.
Oportunidades:
-
Receita gerada por IoT: US$548 bilhões em 2013 e US$780 bilhões em 2015;
-
Receita de serviços de M2M: US$79 bilhões em 2013 e US$122 bilhões em 2015;
-
“Coisas” não conectadas em 2013: 99.25% e em 2015: 98,85%.
A
mensagem e previsão para o ano de 2020:
-
50 bilhões de “coisas” conectadas;
-
US$11 trilhões de dólares em novos negócios.
Tudo
isso gera novas categorias de negócio, cria cidades inteligentes e transforma
economias no mundo todo. O que está acontecendo neste momento é que estamos em
um universo onde o smartphone é o centro do ecossistema. Mas, em 2020, o
ecossistema será de unidades conectadas uma a outra, criando uma transformação
digital que vai permitir ver e realizar ações de forma inteligente (chamado de
“smart insights”). Estamos indo da fase onde a “inteligência” das máquinas está
embutida e isolada, para a fase de conexão e troca de dados entre as mesmas,
culminando em sistemas que tomam decisões inteligentes. Em resumo, IoT é
inteligência distribuída, interagindo e presente em todo lugar.
Imagine
que, segundo Eric Schmidt, CEO do Google, foram gerados 5 Exabytes de
informação desde o nascimento da civilização até hoje. Mas, já em 2003,
estávamos gerando este volume de dados a cada 2 dias na Internet. Com a IoT,
teremos múltiplos de Exabytes sendo gerados, e já podemos imaginar as
conclusões que poderemos extrair deste banco de dados para a melhora da vida no
planeta.
Sabemos
até onde chegaremos com IoT? É difícil imaginar. O próprio Tim Barnes-Lee, o
inventor da Internet, disse: “Eu jamais imaginei o que iria ser criado devido a
invenção da Internet”. E, se o que veio depois da invenção da Internet, que
objetivava um sistema simples de troca de e-mails e documentos, é uma previsão
do que vai vir após a definição e padronização de sistemas IoT, teremos que nos
preparar para uma revolução nunca vista no universo digital – e que será
tratada em nosso próximo artigo.
*Alexandre
Hebra é presidente e CEO da Gates LLC. O executivo esteve em Dubai (Emirados
Árabes Unidos) para participar do evento “Internet of Things World Forum”,
promovido pela Cisco.
Fonte:
ComputerWorld
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